segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

1# - O Caso da Sociedade das Industrias Químicas




Introdução:

Uma noite como qualquer outra na violenta cidade de Gotham, Nova Jersey. Um casal sai alegremente de um cinema com seu filho pequeno, quando é repentinamente abordado por dois criminosos de arma em punho nas proximidades de um beco.

Contudo, antes mesmo que um dos ladrões tenha qualquer oportunidade de falar, uma sombra misteriosa salta sobre eles, agarrando-os com violência.

No terraço de um prédio abandonado, ambos são largados no chão. Um deles tenta lutar, mas acaba levando um soco que lhe desloca o maxilar e desmaia. O outro se espenha em fugir, mas seu captor salta como um demônio sobre ele segurando seu pescoço e deixando seu corpo praticamente dependurado no parapeito do prédio.

Desesperado com a queda de dez andares que parecia lhe esperar, o homem pergunta quem é seu perseguidor e este responde: "Eu sou Batman". Um violento murro no estômago tira sangue da boca do criminoso, que imediatamente é jogado de volta no chão do terraço.

Tremendo como uma criança com medo do escuro, o assaltante implora entre gagueijos pela sua vida. Erguedo-o pelos cabelos, Batman bate seu rosto contra uma parede e diz: "Você viverá... mas levará uma mensagem aos seus iguais". Lacrimejante, o homem apavorado pergunta qual mensagem, no que o soturno vigilante responde: "Diga a eles que eu existo".

Ao ser solto, o ladrão cai de joelhos no chão e antes mesmo de recuperar o fòlego percebe que Batman desapareceu como uma sombra na noite.


História principal:

Numa elegante área da cidade a paz e o silêncio da madrugada são quebrados pelas luzes dos giroflexes e sons de sirene. Em frente a mansão da família Lambert se forma um tumulto de policias e ambulâncias. O dono da casa, um promissor industrial do setor químico, fora assassinado e o principal suspeito é seu filho.

Incumbido da história, o Sargento Gordon interroga a testemunha ainda no local do crime. O rapaz fora quem encontrou o corpo do pai morto no chão e com uma faca enterrada nas costas. Ele alega inocência, mas afirma que seu pai não possuía inimigos.

Os sócios do velho Lambert - Steven Crane, Paul Rogers e Alfred Stryker - não tinham nenhum motivo aparente para desejar a morte da vítima. Entretanto, ao ouvir o nome de Crane, Gordon se lembra que o departamento de polícia havia recebido uma ligação dele dizendo estar jurado de morte por alguém desconhecido.

Enquanto o sargento acompanha a testemunha até o carro da polícia, Batman - disfarçado de legista - repara que o cofre fora arrombado, mas havia dinheiro, jóias e até títulos ao portador ali dentro que sequer foram mexidos. Seja lá quem fosse o assassino, desejava algo muito específico.

Poucos minutos depois uma figura soturna invade a casa de Steven Crane e o mata com um único tiro. Cuidadosamente, o criminoso se aproxima do cofre e mexe em todos os pertences de valor, sem dar-lhes a devida importância. Até que enfim encontra o que viera buscar: um misterioso documento. Quando ele tenta fugir pela janela, é acertado por um chute de Batman.

O homem morcego chegara tarde demais para salvar Crane, mas agora descobriria a verdade por trás dessa conspiração. Depois de nocautear o criminoso, Batman lê o documento que ele roubara e finalmente compreende o motivo daqueles crimes.

Enquanto isso, em outra parte da cidade não muito distante, um desesperado Paul Rogers corre para casa de seu sócio Alfred Stryker. Ao ser atendido pelo guardacostas Jennings, o homem suplica: "Por favor, chame Alfred. Lambert está morto e acabei de saber que Crane fora assassinado a poucos minutos. ELE está atrás de nós e vai matar a todos". Socegado, o volumoso funcionário de Stryker pede para que Rogers aguarde enquanto ele chama seu patrão, mas assim que o homem se senta, é golpeado por Jennings na cabeça.

Quando desperta, ele está numa fábrica de baralhos chamada Monarca. Na sua frente estão seu sócio Alfred Stryker, o violento gangster Rupert Thorne, o misterioso planejador conhecido apenas como Capuz Vermelho e o temido chefão da máfia de Gotham, Carmine Falcone.

Após levar uma surra de Thorne, Rogers leva um chute de Stryker que lhe fala: "Você não entendeu, né? Nenhum de vocês entendeu. Vocês são burros. Quando nós quatro não éramos ninguém, don Carmine nos emprestou o dinheiro para começarmos a Ace Industrias Químicas. Mas sabíamos que um dia ele cobraria o favor - Lambert, Crane, você e eu - todos sabíamos. Se o cara quer refinar cocaína nas nossas fábricas, deixa refinar. Mas vocês tinham que ser idiotas e dizer 'não' pra ele. Agora você dançou, meu velho".

Ainda tonto pelas pancadas, Rogers indaga: "Quando ele nos emprestou o dinheiro, nos obrigou a fazer seguros de vida o tendo como beneficiário. Você acha que a polícia não vai descobrir? E o que te faz pensar que ele não vai te matar também?". Todos riem.

Batendo com uma chave de fendas nas costas de Rogers, Thorne diz: "Porque o único burro aqui é você. Nós temos o nosso coringa. Conta pra ele, Capuz".

Com uma voz abafada pela máscara e parecendo um tanto inseguro, Capuz Vermelho explica: "Don Carmine não precisa do dinheiro - ele já tem muito. O seguro de vida de vocês era só uma forma de mantê-los na linha e será destruído. O que ele quer - o negócio milionário que temos aqui - é a refinaria de cocaína que usará sua empresa como faixada. Com a morte de vocês, Stryker se torna o único dono. Vamos bater um pouquinho nele pra polícia achar que ele escapou de um atentado e não desconfiar. Assim ele fica com todas as ações da empresa e nós, com nossa produção aumentada". Enfim Rogers entendera o plano e aceitara a morte que parecia inevitável.

Porém, de repente o corpo desacordado de Jennings é jogado entre os homens de Falcone... Batman encontrou o covil dos criminosos. Sem pestanejar, Thorne saca sua arma e ordena que seus capangas atirem no intruso.

Enquanto o homem morcego se esmera para derrubar os bandidos, se desvenciliar das balas e retirar Rogers daquele lugar em segurança, Falcone é escoltado por mais de seus homens até um carro de fuga. Do outro lado, o Capuz Vermelho corre desesperadamente para o único local que conseguia imaginar ser seguro naquele momento: o galpão principal da Industria Ace.

Mesmo tendo notoriedade como planejador de crimes, Capuz não se considera um bandido e não tem aptidão física ou mesmo frieza e coragem para confrontar Batman.

Quando finalmente consegue entrar no setor principal da Ace, ele percebe que os tiros cessaram e isso só poderia significar que Batman estava morto ou que havia derrubado Thorne e seus homens. Por precaução, ele continua correndo.

Em seu desespero, ele atravessa a ponte sobre tonéis de ácido na esperança de chegar à porta de emergência do galpão, mas é imediatamente paralisado pela voz fria e cavernosa de Batman, que diz: "A porta está trancada. Você pode voltar para a segurança da plataforma onde estava ou me obrigar a te buscar. Mas garanto que a ultima opção irá te machucar muito".

Dominado pelo medo, Capuz Vermelho saca uma arma e começa a recuar. Com as mãos trêmulas, ele diz que não é um bandido, é apenas um comediante fracassado que tentava dar uma vida melhor para a família.

Mas justamente por estar andando de costas e às cegas, o assustado homem tropeça e cai em um tonel de resíduos químicos logo abaixo da ponte onde estava.

Batman está estarrecido por não ter podido impedir esse desfecho tão trágico.

Mais tarde a polícia chega no local e prende mais de trinta capangas. Thorne e Falcone, no entanto, fugiram. Os restos mortais do Capuz Vermelho não foram encontrados, mas sua máscara foi achada pela perícia, completamente corroída ao lado de várias cartas de baralho com coringas estampados nelas. As provas que ligariam Carmine aos crimes sumiram misteriosamente.

Mais afastado de seus homens, o sargento Gordon está ao telefone conversando com sua esposa. "Duvido que algum dia conseguiremos prender Falcone... ele domina essa cidade e a grande maioria dos policiais daqui está na folha de pagamentos dele. E agora ainda por cima tem um lunático vestido de morcego agindo como justiceiro. Que diferença um homem pode fazer sozinho, meu amor?".

Ao desligar o telefone, Gordon acende um cigarro e é surpreendido por uma voz sinistra vindo das sombras e dizendo: "Eu sou Batman... e você não é mais um homem sozinho, sargento... agora somos dois homens honestos lutando e contra uma cidade inteira".

Gordon saca sua arma e imediatamente dá voz de prisão ao vigilante mascarado, mas percebe que não há mais ninguém lá. Seja quem for Batman, desaparecera como por mágica.

Alguns minutos depois, na distante mansão Wayne, o mordomo Alfred Pennyworth recebe seu patrão Bruce, que após tirar a roupa de Batman apresenta diversos machucados, hematomas e escoriações pelo corpo.

Pensativo, Wayne desabafa: "Sabe do que eu preciso, Alfred?". Com ironia, o fiel mordomo responde: "O que seria, senhor? Uma esposa? Ou ajuda psiquiátrica?". E Wayne retruca: "Não... preciso de mais acessórios. Se eu tivesse uma corda, teria impedido a morte de um homem, essa noite". Incrédulo, Alfred pergunta: "E o senhor amarraria essa corda onde, patrão? Em seu cinto?". O jovem reflete por alguns instantes e responde: "E por que não um cinto de utilidades? Poderia usar cordas, bumerangues e bombas de fumaça". Alfred ri descrente.

Enquanto isso, na residênciamo de Carmine Falcone, Rupert Thorne recebe uma ordem: "Até essa noite não sabíamos se o tal de Batman existia de verdade, mas agora sabemos. Ainda assim esse homem - se for mesmo humano - é intocável. Sem rosto, sem casa, sem fraquezas conhecidas. Mas tem uma outra pedra no meu sapato... e essa podemos remover: eu quero que você mate o sargento de polícia James Worthington Gordon".






Encerramento:

Horas depois de a polícia ter cessado as buscas pelo corpo do Capuz Vermelho, uma figura desforme emerge num lago, onde o lixo tóxico das industrias Ace era ilegalmente jogado. A figura se veste com o smoking do Capuz, mas sua pele é branca e cabeos vermelhos.

Tonto e desnorteado, o homem se seca e percebe que não tem mais memória. Então, olha para uma carta de baralho colada em sua manga e começa a rir uma risada doentia.


Nota: essa releitura da história original na qual Batman faz sua primeira aparição em "Detective Comics #27" e criada por Bob Kane, também faz alusões e traz referências ao clássico "A Piada Mortal" de Alan Moore e Brian Bolland, além dos filmes "Batman" de Tim Burton e "Batman Begins", de Chistopher Nolan. Os textos e desenhos aqui contidos são feitos por mim mesmo.

Espero que gostem,
Ricardo.

1# - O Reinado do Superman


Introdução:

O que parecia ser apenas mais uma manhã tranquila na vida dos habitantes da cidade de Metropolis, Nova Iorque, fora interrompida por um veloz borrão em cores primárias cruzando os céus da cidade. "É um pássaro?", alguns perguntavam. "É um avião?", indagavam-se outros.

Subitamente a figura imponente pousa em frente à mansão oficial do governador trazendo consigo uma mulher literamente amarrada com barras de ferro. Os guardacostas do político disparavam ferozmente suas armas, mas as balas apenas se amassavam ao entrar em contato com o estranho visitante. Cruzando a residência governamental e finalmente encontrando seu proprietário, o misterioso homem disse: "Governador... essa noite uma mulher chamada Evelyn Curry - sentenciada à pena de morte - será executada. Mas ela é inocente". Nas mãos daquele homem que parecia ser feito de aço estavam documentos que provavam - não só a inocência de Evelyn - como também a culpa da mulher amarrada a ferros no jardim.

Imediatamente o governador mandara o diretor da penitenciária suspender a execução. E quando desligara o telefone para agradecer o homem na estranha roupa colorida, esse havia desaparecido. Começava assim o reinado do Superman.


História principal:

Chegando à redação do maior jornal da América, o Estrela Diária, o repórter Clark Kent procura o diretor George Taylor em busca de um emprego na cidade onde recém-chegara. Enquanto espera ser atendido, sua superaudição capta uma conversa entre Taylor e o editor-chefe do jornal - Perry White. Aparentemente uma fonte no governo havia informado a eles que a república sulamericana de San Monte estava prestes a entrar em uma guerra civil que poderia acabar envolvendo os Estados Unidos.

Contudo, a conversa de ambos é interrompida pelo jovem fotógrafo freelancer Jimmy Olsen que traz imagens exclusivas do misterioso herói que invadiu a casa do governador e impediu a execução de uma mulher inocente. Empolgado, Perry arranca as fotografias das mãos de Jimmy e diz: "Isso sim é matéria para a primeira página. Ele tem um nome? Quem se importa. Tem um 'S' desenhado no peito dele, de agora em diante o chamaremos de Superman". Taylor manda Jimmy tentar conseguir mais fotos e manda chamarem Lois Lane - a ela será dada a tarefa de investigar a fundo toda a história que envolveu Evelyn Curry.

Quando a situação finalmente se normaliza, Taylor manda chamar Kent. Tomando a frente, Perry diz: "Você quer trabalhar conosco, filho. Temos jornalistas demais e histórias de menos. Consiga uma entrevista com esse tal de Superman e o emprego será seu". Com um largo sorriso no rosto, Kent responde: "Senhor... se eu não conseguir, ninguém mais conseguirá".

Passando pela redação Clark é abordado por Lois Lane, que o convida para tomar um café. Entretanto, o tom dela não é amistoso e ela o chama de "Smallville", numa alusão à pequena cidade interiorana do Kansas, de onde ele vem.

Durante o café, ela diz que está chateada por ter sido destacada para cobrir a história de Evelyn Curry, ao invés da entrevista com Superman. Dessa forma, ela propõe uma parceria com Kent. Em troca, ela oferece a ele a chance de trabalharem juntos com ela num caso sobre um tal de senador Barrows, que aparentemente estava envolvido com células terroristas.

A conversa de ambos, contudo, é interrompida por um capanga de uma pequena familia mafiosa local chamado Butch Matson.

O criminoso, seguido por dois comparsas, puxou Lois Lane pelo braço, fazendo-a se levantar da cadeira. Clark queria fazer algo, mas temia comprometer sua identidade secreta. Ainda agarrando a jornalista, Matson disse que seu chefe estava aborrecido com uma das matérias dela, mas que deixaria as ordens dele pra lá se ela desse uma voltinha com ele. Furiosa, Lois afunda o salto de seu sapato na canela do gangster chamando-o de porco. Não menos irada, olha para Clark, dizendo: "E você é pior do que ele, seu covarde".

A moça toma o primeiro taxi que aparece, enquanto Matson e seus dois comparsas a perseguem em seu automóvel. Discretamente, Clark entra no banheiro do café e sai de lá pela janela, já vestido como Superman. Mais rápido do que uma bala, ele alcança o carro dos criminosos.

Após erguer o veículo, o herói arremessa-o contra um muro, tirando seus três ocupantes lá de dentro e usando uma viga de aço para amarrá-los. Em seguida, ele pede para que Lois espere os policiais chegarem e preste depoimento contra os três bandidos. Dito isso, ele salta um edifício de trinta andares com um único pulo e desaparece no céu.

Em questão de segundos, o Homem de Aço cruza o espaço aéreo de três estados e chega a Washington, onde começa a vigiar o senador Barrows.

Já estava anoitecendo quando as tediosas horas de observação renderam frutos. De baixo de uma árvore, num local bem escuro, o senador encontra-se com um homem que nosso herói sabia ser um notório lobista chamado Alex Greer que estava sob investigação federal por envolvimento com células terroristas. As suspeitas de Lois faziam sentido, então.

Rápido como um raio, Superman agarra o lobista flutuando com ele vinte metros acima do chão. Enquanto o homem treme de medo, o herói exige saber o que está acontecendo. No entanto, com a adrenalina do momento, a superaudição do Homem de Aço estava tão concentrada no que Greer diria que ele sequer ouviu o engatilhar de uma arma. Dois tiros foram disparados.

Uma das balas bateu no crânio do Superman e se amassou completamente. Mas a outra acertou a testa de Greer, matando-o na hora.

Tonto pelo susto e pelo homem morto segurado em suas mãos, o Superman desce procurando a polícia e entregando a eles o cadáver. Por sorte um dos policiais também vira o disparo e por isso Superman fora descartado como suspeito.

De volta ao Estrela Diária, Clark entrega para George Taylor uma matéria completa sobre a prisão do senador Barrows. Ainda brava, Lois faz uma observação sarcástica: "Não é uma reportagem completa, caipira. Acharam o assassino do Greer faz duas horas... mas ele tava morto. Da próxima vez que dividirmos uma história, faça a sua parte direitinho".

Ainda assim, Taylor gostou da matéria e deu o emprego a Clark.

Sua próxima missão - ainda em parceria com Lois - seria ir à nação sulamericana de San Monte com o propósito de cobrir o pouso de um protótipo de foguete. Isso encobriria a sua verdadeira missão: descobrir o que estava acontecendo com aquele país e se isso tinha a ver com os terroristas ligados a Greer.




Encerramento:

Numa das gigantescas bases de pesquisa da Lexcorp pode-se ver os professores John L. Winters e Emil Hamilton finalizando algo que parece ser um projeto militar ultrasecreto sob a rígida fiscalização do gênio proprietário daquele lugar: Lex Luthor.

Repentinamente o telefone de Luthor toca. Quando ele atende, uma voz feminina diz: "Greer foi pego e também já resolvi a ponta solta de quem o pegou. Mais alguma ordem, senhor?".

Sorrindo, o industrial responde: "Por ora, descanse. Tire férias na América do Sul".



Nota: essa é uma releitura da história original publicada em Action Comics #1, em Junho de 1938. Os desenhos e roteiro foram feitos pelos próprio criadores do personagem: Jerry Siegel e Joe Shuster. Aqui minha intenção foi atualizar um pouco o contexto da história, deixando-a mais moderna, mas sem perder o conceito original e tentando torná-la atemporal, para que tenha o mínimo de desatualização possível daqui a mais oitenta anos. O texto e os desenhos aqui contidos foram feitos por mim mesmo.

Grato pela atenção e esperando que gostem,
Ricardo.