quinta-feira, 10 de março de 2011

1# - Tarzan dos Macacos


Introdução:

Por toda a Inglaterra havia rumores de que os cidadãos britânicos não estavam sendo bem tratados pelos residentes naturais da França, na África Congolesa. O famoso e rico explorador John Clayton, lorde de Greystoke, fora voluntário para descobrir o que estava acontecendo lá.

Após chegar à cidade de Freetown com Alice Rutherford, com quem casara a apenas três meses, Greystoke fretou um pequeno veleiro chamado Fuwalda em direção a um posto avançado do império inglês em meio à floresta do Congo.

Pouco se sabe sobre o que ocorreu nesse interim. A única certeza é que o lorde e sua esposa embarcaram em um navio no porto de Dover numa manhã de Maio de 1888 rumo à África. Tudo além disso, consta apenas nos diários deixados por Greystoke.

Sabe-se que apenas dois meses depois do Fuwalda levantar ferros, desaparecera. Navios de guerra britânicos percorreram incansavelmente as águas africanas, mas tudo que encontraram foram restos vindos do veleiro. Dessa forma, e erroneamente, a Coroa presumiu que o barco havia naufragado e declarou mortos todos os seus tripulantes.

O que ocorreu na realidade fora um motim contra o cruel capitão Billings que culminou na execução dos oficiais do Fuwalda e na tomada da embarcação pelos marinheiros.

O líder do motim, agora autodeclarado capitão, era Black Michael - um marinheiro que fora salvo da morte certa nas mãos de Billings graças à intervenção de lorde Greystoke. Só por isso o casal foi poupado, mas deixado à própria sorte em uma praia congolesa.

Obrigados a construir uma cabana na floresta, os Clayton viveram como puderam e até mesmo tiveram um filho, chamado John Clayton II.

Entretanto, cerca um ano após o nascimento do bebê, sua mãe Alice morrera numa fria madrugada, deixando o marido e o filho sozinhos em meio à selva. A mão do destino descia de forma cruel sobre aquele lord inglês e seu rebento.

Enquanto isso, em um bando de gorilas chamado Mangani, o macho-alfa de nome Kerchak tinha um ataque de fúria e matara muitos dos seus em uma clara demonstração de sua força e autoridade. Uma macaca chamada Kala teve seu filhote morto por ele.

Obedecendo o líder, outros gorilas se espalharam pela região em volta de onde viviam com o intuito de encontrar comida. O trabalho seria muito mais árduo agora que Kerchak matara boa parte dos machos. Por isso, muitas fêmeas também foram mandadas em busca de alimento.

O grupo liderado pelo cruel líder símio encontrou a cabana de lorde Greystoke. Enquanto três gorilas invadiam o local e reviravam suas coisas em busca de comida, Kerchak matava o nobre inglês. Porém foi espantoso terem encontrado um bebê.

O líder do bando ordenou a morte do filhote humano, mas Kala - que passou dias carregando seu próprio filhote sem vida nos braços - decidiu que adotaria aquela criança tão pequena, a quem nomeou de Tarzan, ou "Pele Branca", no idioma dos gorilas. Tublat, o companheiro de Kala, foi contra. Mas ela ameaçou abandonar a tribo e, portanto, lhe foi permitido ficar com o filhote.



História principal:

O pequeno Tarzan era considerado fraco e descartável. Enquanto um gorila de dez anos já pode ser considerado um adulto plenamente maduro e independente, um humano de dez anos é apenas uma criança incapaz de sobreviver sozinha aos perigos da floresta.

Tarzan sentia-se rejeitado e por isso passava boa parte do seu tempo explorando a floresta.

Foi justamente em uma dessas aventuras que encontrou a cabana abandonada de seus pais que ainda abrigava o esqueleto do casal.

Com o passar dos anos, o jovem garoto foi aprendendo a ler nos livros infantis que Alice trouxera da Inglaterra com lições fáceis de alfabeto, como "A de Arqueiro". Os livros também ensinaram Tarzan sobre um mundo que havia além das copas da árvores africanas.

Aos poucos, o menino desprezado pelo bando ia se tornando forte como um leão e ágil como um relâmpago. A prova de fogo foi sua luta com o chimpanzé Bolgani, na cabana de seus pais. Apesar de ferido, Tarzan o matou usando uma faca que encontrara entre as ferramentas de seu pai. Agora, depois que se recuperasse, ele seria mais respeitado por seu bando.

Depois de plenamente recuperado, então aos treze anos, o jovem participou do ritual Dumdum, que marcava sua emancipação.

O corpo do gigantesco gorila de um bando inimigo fora jogado sobre o chão e os membros de seu bando avançaram ferozmente sobre ele para comer. Tarzan era pequeno, ainda, porém esperto. Usando mais uma vez a faca que fora de seu pai, ele conseguiu se aproximar daquela que seria sua refeição e tirar um enorme naco do antebraço... uma parte que Tublat queria para si.

Repleto de ódio, Tublat avançou contra o menino que subiu agilmente nos troncos mais altos e finos das árvores - que não suportariam o peso de seu oponente - e pôs-se a lhe provocar fazendo carecas e berrando insustos.

Enlouquecido, Tublat atacou todos os gorilas que viu. Estraçalhou dezenas de filhotes pelas cabeças, estourou os seios de suas mães que tentavam salvá-los e matou todos os machos que ousaram tentar detê-lo. Com a força da loucura, ele urrava. Todos os gorilas - incluindo Kerchak - fugiram e se esconderam. Apenas Tublat e Tarzan estavam naquela arena.

Desesperada para salvar seu filho, Kala correu em seu encalço, mas fora derrubada por Tublat. No afã de defender a mãe, Tarzan desceu da árvore e se colocou entre ela e seu oponente.

Com a cólera esvaindo por seus olhos, Kublat grunhiu um riso sádico e avançou contra o jovem: ele finalmente mataria aquele macaco sem pêlos que tanto odiava e puniriam sua parceira por tê-lo desobedecido e dado abrigo àquela aberração.

No entanto, com a segurança da mãe em risco, o jovem Tarzan agarrou o pescoço de Tublat e enviou algumas dezenas de vezes a afiada faca de seu pai no forte peitoral do gorila. Segundos se passaram e o símio tombou. Todos os macacos voltaram: o enlouquecido Tublat estava morto.

Aos brados, Tarzan disse aos Mangani: "Eu sou Tarzan... um grande lutador. E que, de agora em diante, todos respeitem Tarzan dos Macacos e sua mãe, Kala. Nenhum de vocês é páreo para mim e que meus inimigos se acaltelem".

Em seguida, bateu sobre o próprio tórax e bradou aquele que seria seu lendário grito de guerra.

O tempo passava e Tarzan apenas se tornava mais forte, veloz e hábil. Podia jamais ser tão forte quanto seus irmãos gorilas, mas sua inteligência o tornava o caçador mais notável de todos.

Certa manhã, enquanto explorava os muitos livros e pertences ainda contidos na barraca de seus pais, Tarzan viu um movimento incomum. Criaturas, que pareciam com ele, mas tinham a pele negra como Ébano, avançavam rumo a reserva de seu bando. Apesar de curioso, o rapaz de agora dezoito anos não deu muita importância.

Aqueles eram selvagens de uma tribo de canibais, que foram expulsos da terra de sua tribo pela invasão de homens brancos em busca de marfim. Agora eles construiam uma nova tribo próximo de onde viviam os Mangani, o povo de Tarzan.

Kulonga, o filho do rei Mbonga, decidiu explorar a floresta além dos domínios de seu pai. Durante essa exploração, ele acabou encontrando casualmente Kala.

Faminto, decidiu que comeria a fêmea de gorila e levaria o que sobrasse para sua aldeia. Kala tentou fugir, desesperada, mas uma lança envenenada foi o bastante para matar a mãe adotiva de Tarzan. Ao longe, todos puderam ouvir seu grito final.

Temendo aquela espécie estranha, os gorilas decidiram que não a vingariam e assim deixariam a morte de Kala impune. Mas Tarzan, não.

Seu grito ecoou por toda a selva e os animais - nunca se soube o motivo - responderam ao seu clamor. Tantor, o elefante, ajudou o rapaz a encontrar a trilha deixada por Kulonga e assim Tarzan pôde enfim seguir o homem que matou sua mãe.

Observando por longos dias, percebeu que Kulonga tinha armas que havia visto apenas nos livros de seu pai, como o arco e as flechas. Uma noite, enquanto o canibal dormia, Tarzan roubou suas armas e ao acordar, Kulonga se desesperou, pois estar na floresta congolesa desarmado seria suicídio. Então decidiu voltar para sua tribo.

Antes que ele conseguisse chegar, o jovem menino-macaco laçou o pescoço do antropófago com um cipó e dependurou-o em uma árvore. Encarando seu inimigo nos olhos, Tarzan enfim pôde matá-lo com um golpe de faca no coração e assim vingar Kala.

Contudo, havia uma tribo repleta de criatura como Kulonga. O que fazer?

O jovem se aproximou deles e pôs-se a analisar. Viu que tinham centenas de flechas envenenas e, quando todos esvaziaram a aldeia porque alguém havia encontrado o corpo sem vida de Kulonga, roubou todas as flechas que pode, deixando uma terrível bagunça.

Ao ver a bagunça, os supersticiosos canibais passaram a achar que haviam desagradado algum espírito da floresta e passaram a colocar oferendas de comida diariamente no local de onde Tarzan havia roubado as flechas. Na época ele se divertiu, sem saber que isso ainda viria trazer grandes problemas para ele e sua tribo, no futuro.

Ao voltar para casa, o rapaz foi atacado por Sabor, a leoa.

Graças às flechas que roubara e a faca de seu pai, o jovem derrotou a leona, bradando logo em seguida um grito que ecoou pela selva inteira. Depois de comer a carne da oponente, ele retirou sua pele para levar como troféu da batalha contra a temida rainha dos felinos.

Todos os gorilas se amontoaram em volta de Tarzan para ver a carcaça de um leão e ouvir a história de sua brava luta. Isso, porém, encheu o líder Kerchak de ódio.

Espumando furiosamente, o macho-alfa dos Mangani avançou contra qualquer coisa que se movesse e acabou ferindo mais de uma duzia de gorilas machos em seu ataque. Mas seu alvo era Tarzan, que fora finalmente desafiado pelo Rei dos Macacos.

As flechas estavam longe, logo o rapaz contava apenas com a sua astúcia e com a faca de seu pai para enfrentar um oponente enormemente mais forte. Em resposta ao avanço de Kerchak, Tarzan saltou para o lado e cravou-lhe completamente a lâmina da faca no peitoral, mas isso não matou o líder do bando.

Veloz, o gorila agarrou o jovem com o intuito de fazê-lo largar a arma. Dirigiu-lhe um golpe contra a cabeça que se tivesse acertado, certamente seria fatal.

Segurando uma pedra, o rapaz golpeou com violência o estômago do oponente fazendo verter sangue pela terrível ferida aberta em seu peito. Kerchak cambaleou, mas lhe agarrou pelo pescoço e, segundos antes de atacar sua garganta, finalmente caíra morto.

Tarzan recuperou a sua faca e gritou: "Eu sou o Rei dos Macacos!".

Terkoz, filho legítimo de Tublat, era o único a questionar a autoridade de Tarzan ante os gorilas, mas assim como seus companheiros, tinha medo demais para confrontá-lo. Dessa forma, apenas começa aquela que será a mais lendária saga já acontecida na África: a história de Tarzan.





Encerramento:

Enquanto isso, na Europa, um novo navio parte rumo à África.

Nele está o famoso cientista estadunidense Archimedes Q. Porter, sua filha de dezessete anos Jane Porter, seu assistente Samuel T. Philander e o nobre William Cecil Clayton, primo legítimo de Tarzan, que procurava por vestígios do sumiço dos tios.

Eles chegariam ao continente africano em dois meses, embarcariam num veleiro chamado Arrow e no Congo seriam guiados pelo oficial francês Paul D'Arnot.

___________________________________________________________________

Nota: essa história reconta trechos do livro original de Edgar Rice Burroughs, "Tarzan of the Apes", dividindo a história em duas partes para melhorar a continuidade. A aparência do personagem central foi baseada no estilo criado pela Disney, mas dando proporções corporais mais realistas. O rosto, assim como feito no desenho animado, é baseado na fisionomia de Tony Goldwyn, dublador do personagem no cinema. O texto e os desenhos aqui contidos foram feitos por mim mesmo.

Grato pela atenção e esperando que gostem,
Ricardo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário