sábado, 26 de março de 2011

2# - O Mistério dos Roubos das Cargas de Trem

 Introdução:

A noite prometia ser inesquecível e a casa de shows já havia esgotado todas as poltronas.

A cada truque do incrível Zatara, a platéia enlouquecia. Um misto de espanto, curiosidade e empolgação tomava conta de todos os espectadores. O mago os tinha em suas mãos.

Contudo, um assistente de palco que também se via abismado com as façanhas inacreditáveis do mestre dos mágicos, acabou inadvertidamente jogando uma ponta de cigarro acesa em um cesto cheio de papéis. Era o prenúncio de uma tragédia.

Os papés se inflamaram, fazendo com que o cesto de madeira ardesse em chamas. Não tardou muito até uma poltrona também sucumbir ao fogo, que consumiu uma cortina e tão rápido quanto o cair da noite se espalhou por todo o palco. O olhar do público, ainda perplexo, pairava sobre as chamas bruxuleantes sem entender se era de fato um acidente ou apenas mais um dos números de Zatara.

Com a velocidade do pensamento, o mago bradou "eugapa es ogof o euq onedro" e em resposta imediata as labaredas desapareceram... como num passe de mágica.

O público foi ao delírio e assim terminou mais um dos incríveis shows de Zatara, o mestre do ilusionismo.




História principal:


No camarim, o mago chamou seu assistente, Tong, e lhe mostrou uma imagem que se formava em sua bola de cristal: a Tigreza havia retornado e estava auxiliando uma quadrilha de ladrões de trem.

Enquanto isso, numa estação de trem não muito distante, dois detetives chamados Brady e Brown estão escondidos em um dos vagões que viriam a ser roubados. Eles investigavam a quadrilha a mais de três meses e não pretendiam deixar os criminosos escaparem ilesos de mais esse roubo.

Seguindo três figuras sinistras, os dois agentes da lei sobem em um dos vagões.

Misteriosamente, Brady desaparece. Nesse interim, Brown tem a sorte de ver o reflexo do luar contra o cano de aço de uma pistola e salta do trem antes que o tiro seja disparado.

Ainda assim, uma queda daquela altura e em tamanha velocidade certamente seria letal. Contudo, para a sorte do detetive, o colossal Tong detém sua queda, enquanto Zatara conjura um feitiço que cura as contusões do agente ferido. Aparentemente, segundo Brown, Brady era um traídor e estava com a quadrilha.

Alguns minutos depois, enquanto investigam os trilhos em busca de pistas, Zatara e seus companheiros encontram o corpo sem vida de Brady. Se ele realmente traiu a lei, pagara um preço elevado por isso.

Analisando o veículo parado, o mago também percebe algo incomum: o vagão do qual Brady fora jogado para morrer estava marcado com um círculo feito com giz. Provavelmente os criminosos marcavam assim os vagões destinados ao roubo.

Mas enquanto o mago divagava, seus pensamentos foram subitamente interrompidos pela chegada de Babcock, o inspetor de trens.

 Em tom rude, o funcionário da companhia ferroviária disse que não admitiria a interferência de Zatara.

Depois que ele partiu, o mago se reuniu com o capitão de polícia Kennedy e traçou um plano: o trem sairia à meia-noite, então todo o carregamento de valor que pudesse portar deveria ser retirado dele e substituído por caixas com policiais dentro. Assim, os ladrões teriam uma grande surpresa.

Mas cerca de uma hora depois, o mestre dos mágicos fora atacado traiçoeiramente pelos homens da Tigreza, que o derrubaram e amarraram. Vendo seu arquiinimigo enfim preso, a vilã apareceu e ordenou que ateassem fogo na cabana onde o mago estava preso, fazendo com que ele encontrasse seu fim nas chamas.

Quando o incêndio começou, os criminosos foram embora.

Apenas alguns minutos foram o bastante para que o casebre fosse reduzido a cinzas. Misteriosamente, Babcock apareceu para confirmar a morte de Zatara e informar sua cúmplice: Trigreza.

Repentinamente, o mago se materializou ao lado de Tong. Com a culpa do inspetor de trens mais do que óbvia, o enorme guardacostas indiano pôde golpeá-lo para entregar o corrupto funcionário da ferrovia para as autoridades. Mas ainda faltava deter um roubo...

Entrementes, os ladrões finalmente chegaram ao vagão marcado com giz, mas descobriram que as caixas com objetos de valor foram tiradas de lá e que o local estava repleto de policiais.

Usando mais uma vez o truque do teleporte, Zatara os surpreendeu. Conjurando outro feitiço, o mestre dos mágicos fez com que a porta do vagão se fechasse, trancando os ladrões em seu interior e já em poder da polícia local. Agora seria apenas questão de esperar até que o capitão Kennedy aparecesse.

Porém, para a surpresa do mago, a Tigreza veio em auxílio de seus cúmplices e apontou-lhe uma pistola, dizendo que estava farta de suas interferências. Com um simples gesto, Zatara transformou a arma em uma banana, desarmando sua oponente. Finalmente ele prenderia a notória Tigreza. Contudo, a esperta criminosa saltou do vagão e desapareceu entre as sombras da noite.

Já de manhã, após longas horas de interrogatório, Babcock confessou que fora procurado pela Tigreza e que ele mesmo orquestrou os roubos e reuniu os capangas. Dessa forma, admitindo que Brady era inocente, o corrupto funcionário da companhia de trens fora levado para a cadeia, onde passaria muitos anos.







Encerramento:

Mais tarde, no anoitecer daquele novo dia, a Tigreza entra em uma igreja abandonada onde é confrontada por uma criatura primordial conhecida apenas como "O Mal".

De joelhos, ela implora clemência por não ter conseguido eliminar um dos pilares mágicos da Terra. Indiferente, a criatura abissal envolve a criminosa nas trevas que a queimam como ácido até que tudo aquilo que reste da notória Tigreza seja pó. Ela está morta.

Entrementes, a criatura sente uma presença de algo celestial e profano nos pântanos de Houma, na Luisiana.

Uma risada demoníaca toma o lugar de assalto e em segundos, aquela criatura de tamanho equiparável ao do Universo, desaparece como que por encanto.

Nota: Essa história é baseada na original 'The Mystery of the Freight Train Robberies', escrita e desenhada por Fred Guardineer em Junho de 1938 para Action Comics #1 (mesma edição na qual estreou o Superman). Também há referências sobre a origem de Zatara e à saga "American Gothic", escrita por Alan Moore em junho de 1885 para o Monstro do Pântano. O texto e os desenhos aqui contidos foram feitos por mim mesmo.  

Grato pela atenção e esperando que gostem,
Ricardo.

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