sexta-feira, 13 de maio de 2011

3# - Tintin na Terra dos Sovietes


Introdução:

Enquanto olhava as centenas de pessoas em frente ao seu pulpito, Tintin lembrava-se com admiração de seu irmão mais velho, Totor, em quem se inspirava.

Foi por essa devoção que ele se decidiu seguir os rumos que está prestes a tomar.

Então, o jovem prodígio que se formava jornalista aos 16 anos começa contando, em seu discurso de formatura, sobre Totor: o chefe dos escoteiros Hannetons. A grande aventura na qual o garoto saiu de Bruxelas para visitar os tios nos Estados Unidos.

Logo no caminho, ainda em altomar, o garoto é atacado por tubarões, mas um submarino estadundense o salva, deixando-o em Nova Ioque. Na Big Apple o escoteiro belga se fascina com os arranha-céus, é atropelado e até detém um criminoso chamado John Blood, ganhando uma recompensa de cinco mil dólares. De lá o rapaz dirige-se para Rolmopcity, no Texas, ao encontro de seus tios.

Já no caminho do rancho dos Hatt, Totor é feito prisioneiro por índios, foge e encontra um baú repleto de jóias no fundo de um rio.

Finalmente chegando na casa do tio Pad e da tia Salvar, ele descobre que ela fora raptada por um bando de criminosos e decide usar as jóias que encontrara para pagar seu resgate. Mas chegando ao lugar onde escondera o baú, descobre que esse fora roubado.

Depois de recuperar seu tesouro, Totor encontra um bilhete do líder da quadrilha - Jim Blackcat - para levar o resgate até o grande pinheiro até o pôr-do-sol ou tia Salvar seria executada. Totor vai até o local mas antes mesmo de entregar o resgate, consegue salvar sua tia e prender os criminosos. E assim, depois dessa aventura no Texas, o chefe dos escoteiros Hannetons finalmente volta para a Bélgica.

Depois de finalizar a narrativa de uma das muitas histórias de seu irmão, Tintin pega o canudo e todos o aplaudem. Agora já formado e com um emprego garantido no jornal Petit Vingtième, o primeiro trabalho do rapaz seria entrar em um dos países mais fechados do mundo: a Soviévia.


História principal:

O trem em que Tintin e Milu tomaram rumo a Bazak, capital da Soviévia, foi alvo de um atentado.

Um espião soviete conhecido apenas como Shpion soube que um jornalista belga tentaria entrar em seu país e decidiu explodir alguns vagões do trem. Imediatamente a polícia soviete culpou o rapaz pela detonação e o levou para uma delegacia, onde ele deveria responder às perguntas das autoridades locais.

Contudo, o mesmo homem que detonou os explosivos no trem ordena que o comissário de polícia 'desapareça acidentalmente com Tintin'. Aproveitando a primeira brecha que aparece, o jovem e seu cãozinho fogem em direção de um pequeno vilarejo soviete e lá ele vê como os agricultores são mantidos pobres e ignorantes pelo governo, que lucra com a falta de questionamento e oposição popular.

Para fazer os poucos visitantes estrangeiros acreditarem que as fábricas sovietes ainda são operacionais, palha e metal são queimados para que saia fumaça das chaminés industriais.

Vagando mais um pouco, o rapaz assiste a uma eleição para prefeito. Os soldados do Partido anotam o nome, identidade e inclusive canditado em que cada eleitor votou e, por essa razão, todos os candidatos do Partido sempre ganham a eleição com 100% de votos.

Porém um dos soldados percebeu que Tintin era um estrangeiro ao vè-lo fotografando e anotando o que acontecia e ordenou que outros soldados prendessem o rapaz. Na fuga o jornalista belga entrou numa festa à fantasia e, usando um lençól, vestiou-se de fantasma. Em meio de tantas pessoas com fantasias feitas em casa, os soldados se confundiram e Tintin conseguiu fugir.

Com medo da violência do governo, o rapaz tenta fugir, mas é preso e ameaçado de tortura, sendo enfim levado para Bazak, a capital Soviete.

A cidade era grande e possuía meia dúzia de prédios enormes e belíssimos, mas o resto fora definido mais tarde por Tintin como "uma favela malcheirosa". O povo era mantido constantemente pobre e ignorante, pois o governo local não tolerava opositores.

Numa praça por onde passou, o repórter viu homens do Exército distribuindo pães para as crianças famintas. No entanto, o único garotinho que não trazia em suas mãos uma foto do presidente daquele país, teve seu pedido de comida negado. Esperto, Milu roubou um pão e levou para o menininho.

Durante a madrugada, Tintin mais uma vez foge de seus captores.

Sorrateiro, ele assiste a uma reunião com os principais homens do governo e descobre que toda produção agrícola do país estava sendo exportada para fins de propaganda, deixando o povo a passar fome. E ainda havia um plano para prender e executar os poucos fazendeiros ricos que ainda existiam e tomar suas produções de milho, bem como suas terras e bens.

Então, usando uma roupa de militar soviete, Tintin procura um grande fazendeiro e conta o que descobriu, pedindo para que ele alerte aos outros e sugerindo que peguem em armas para se defender.

Caminhando em direção a outras fazendas para avisar que um motim popular deveria ser iniciado, Tintin acaba se perdendo na tundra gelada e encontra um galpão secreto escondido sobre a neve onde o governo soviete guardava a maior parte dos bens mais preciosos que tomara da população.

Nesse momento, o mesmo espião que tentou explodir o trem onde Tintin estava, tenta matá-lo, mas é impedido por Milu. Antes de desmaiar com um golpe que o jornalista belga lhe aplica, o espião admite que seu país pretendia iniciar uma onda de ataques contra as principais capitais da Europa em retaliação às restrições econômicas que a União Européia estava fazendo ao seu governo.

Por fim, o jovem consegue roubar o avião que seu captor usaria e com ele foge do país, indo direto para Berlim e da capital alemã, para Bruxelas.


Encerramento:

De volta à Belgica, Tintin e Milu são bem recebidos pelas pessoas quando ele descobre que sua interferência culminou em uma revolução popular contra o governo Soviete.

Sentado em sua mesa no Petit Vingtième e olhando uma foto de seu irmão Totor, Tintin fica feliz por ter podido ajudar aquelas pessoas. Um amanhã com esperança brilhava para o povo soviete e o jovem sabia a importância do seu papel na História.

Quem sabe, um dia, ele não se sentisse tão grandioso e honrado quanto Totor.

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Nota:Essa história é baseada no conto 'Les aventures de Tintin, reporter du Petit Vingtième, au pays des Soviets'  escrito e ilustrado por Georges Prosper Remi (Hergé), e editado pelo ábade Norbert Wallez, no encarte "Le Petit Vingtième" entre 10 de Janeiro de 1929 e 11 de Maio de 1930. Como a história original se passa na União Soviética (país que não existe mais), decidi criar um país e usar o nome 'soviete' por causa so título. Considerando que o "Le Petit Vingtième" era umsuplemento do jornal católico de extrema direita 'Le Vingtième Siècle' e que seu editor, o ábade Wallez, era publicamente fascista (tenta até uma foto de Mussulini em seu escritório), decidi omitir qualquer menção ao comunismo ou a outro ponto de vista político pessoal. A personagem Totor também é uma criação de Hergé e a história sobre ele fora originalmente publicada numa revista mensal para escoteiros belgas de 1926 a 1929. O texto e os desenhos aqui contidos foram feitos por mim mesmo.

Grato pela atenção e esperando que gostem,
Ricardo.

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